sábado, 17 de dezembro de 2011

ONDE FOI PARAR O MEU PAPAI NOEL ?


Chego ao escritório cansado , vindo de mais  uma reunião  com um cliente  que precisa por a casa em ordem e não sabe onde seu problema começou .
Olho para a minha mesa e os papéis se acumulam. É fim de ano, época em que todos querem resolver os seus   problemas e os da humanidade em semanas . 
No topo de pilha vejo uma linda caixa  de bombons que ganhei de presente . Abro e pego um . Quando dou a primeira mordida, percebo um cabelo  grudado ao celofane da forminha do gianduia  . Olho novamente o cabelo . O fio é branco, meio comprido . Eu me conforto e  começo a delirar . Fecho os olhos . Levo a mão a testa . Acaricio minha cabeça e os poucos cabelos que sobram no topo . Fecho os olhos  
Rapidamente crio  duas explicações fantásticas . Ou o fio branco  é das barbas do papai Noel ,  ou do pescoço das renas  que  perderam seus pelos  afetadas pelo aquecimento global e pelo derretimento da camada de gelo do ártico  .
Não abro os olhos . 
Era tão bom acreditar em Papai Noel ! Tudo o que eu queria era que dezembro chegasse . Arrumávamos as malas e vínhamos para São Paulo  passar férias na casa da minha avó.  Víamos os primos , eu encontrava várias  pessoas distantes que amava . Não tinha a rotina do dia a dia . Brincávamos soltos no quintal com os cachorros  e nossos brinquedos . Aquele quintal e o salão de brinquedos eram nosso mundo . E sempre tínhamos festas com Papai Noel . Algumas  vezes na gráfica onde um tio trabalhava . Outras  no consulado onde meu avô fazia parte do departamento cultural .
O Natal era motivo de festa . Dia 24   montávamos a árvore e íamos dormir esperando que papai Noel passasse durante a noite . Dependendo do ano a árvore era mais rica e mais cheia de presentes . No dia 25 , almoço em família . Era a única oportunidade em que todos os primos se reuniam  . Enfim a família .
Abro os olhos , pois o  telefone toca. Era minha mãe avisando que todos haviam desistido  de ir a casa da minha cunhada no dia 24 e que prefiriam ir para o restaurante . Seria mais rápido e mais prático . Eu fico sem resposta  com o bombom e o fio de barba do Papai Noel ou o pelo da rena despelada  na minha mão . 
Olho para a tela do computador e a lista de 30 e-mails  para ser respondida. Um gerente de banco fica ligando insistentemente  no meu celular desesperado porque a conta do meu cliente está descoberta e a trasferência para pagar os salários não foi realizada .
papei-noel-renas-treno.gifSegurando o fio de cabelo branco ,  choro lembrando que quem se vestia de Papai Noel em todas sa festas era meu avô por causa de seus cabelos e bigodes brancos.   Pego um outro bombom  da mesma caixa e como  para ver se  a ansiedade passa. Desligo o telefone celular , desligo o computador e resolvo convidar mina equipe para almoçar no melhor restaurante do bairro para comemorar o  fim do ano . Meu papai Noel já não existe mais . Os Natais perderam seu sentido . Mas eu tinha que tentar resgatar a felicidade dos Natais e férias de fim de ano da minha infância .

3 comentários:

  1. Gostei da tua história ! Espero que vc tenha conseguido resgatar essa tal felicidade de natal dos tempos de infância! QUE O VELHINHO DA BARBA BRANCA te traga esse espírito, e mais tempo livre pra curtir a vida !
    ana

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  2. Dudu, fechei o meu olho tb, e me veio a lembrança e a sensação boa de todos aqueles Natais. Hj nossa terefa é mais difícil! Nós que temos que deixar essas boas lembranças para os que estao ai....nosso Papai Noel nao existe mais....bjs Feliz Natal!!!!
    Carolina

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