“(...)metade do tempo gasto por
vendedores e caixas envolve tarefas que podem ser automatizadas por tecnologias
já existentes(...)”
A reportagem da Folha: “Caixas de supermercado
podem se tornar obsoletos” (link acima) nos propõe um cenário digno de filmes de ficção, ou
de um episódio de “os Jetsons” e nos mostra como esse cenário se aproxima cada
vez mais à realidade.
O problema desse quadro é enxergá-lo com a visão
utópica na qual o consumidor se imagina usufruindo de um serviço prático, veloz
e de qualidade, e o fornecedor se vê cortando drasticamente custos com mão de
obra e minimizando os custos com gestão de estoques.
Da parte do consumidor, essa visão é errônea, uma
vez que a automação não isenta o processo de compra de possíveis erros,
atrasos e outros tipos de frustração.
Na visão social e de equilíbrio macro econômico, a
visão é incompleta.
Com uma população pobre crescente e um sistema
educacional carente os agentes econômicos colocam pessoas despreparadas em um
mercado de trabalho que exige cada vez mais qualificação.
Nesse cenário, a substituição de pessoas por máquinas
pode nos apresentar um cenário sombrio de enorme concentração de capital que
passará a se multiplicar com uma parcela menor de trabalho humano e maior de máquinas
e tecnologias que são a expressão palpável do Capital produtivo;
É importante lembrar que o equilíbrio da economia
depende tanto da oferta quanto da demanda. O enorme número de desempregados
gerado por um processo de automação generalizado do setor de serviços
poderia acarretar uma diminuição da aquisição de bens de consumo, o que afetaria
os lucros dos próprios capitalistas.
Apesar de entender os ganhos de custos do processo
de automação, nos preocupa um modelo que empregue menos mão de obra.
Ainda que essas questões pareçam desconexas do
conceito de sustentabilidade, as questões da sustentabilidade econômica se vêem
ameaçadas por uma busca desenfreada à maximização de lucros que ignora o
equilíbrio macroeconômico e social, um dos aspectos dessa sustentabilidade.